A fisioterapia vem conquistando novos espaços de atuação, e um dos que mais cresce é o da perícia fisioterapêutica — um campo que une o conhecimento técnico-científico da saúde com a precisão exigida pelo universo jurídico. Cada vez mais, fisioterapeutas peritos são chamados para analisar, interpretar e traduzir aspectos do movimento humano e suas disfunções em contextos legais, trazendo clareza e segurança às decisões judiciais.
O que faz o fisioterapeuta perito
O papel do fisioterapeuta perito vai além da clínica tradicional. Ele atua como especialista técnico, oferecendo pareceres, laudos e avaliações que servem como prova em processos trabalhistas, previdenciários, civis e até criminais. Sua função é identificar, por exemplo, a relação entre uma lesão e o exercício profissional de um indivíduo, avaliar sequelas após acidentes ou analisar a capacidade funcional de uma pessoa.
Mais do que observar o corpo, o fisioterapeuta perito interpreta o movimento e suas consequências funcionais, considerando fatores biomecânicos, posturais e ergonômicos que muitas vezes passam despercebidos em avaliações não especializadas.
Por que a perícia exige especialização
Atuar na área pericial requer um olhar clínico apurado, mas também um domínio técnico e jurídico que só uma formação específica é capaz de oferecer.
A especialização em perícia fisioterapêutica capacita o profissional a compreender a linguagem jurídica, elaborar documentos técnicos conforme os padrões exigidos pelos tribunais e aplicar metodologias de avaliação reconhecidas pela comunidade científica.
De acordo com estudo publicado no Journal of Forensic and Legal Medicine (2022), o envolvimento de fisioterapeutas em processos de perícia contribui para melhorar a precisão das avaliações funcionais e reduzir inconsistências nos laudos médicos-legais, especialmente em casos relacionados a traumas musculoesqueléticos. Isso reforça a importância de um profissional qualificado para garantir justiça e equidade nas decisões.
Um campo em expansão e reconhecimento
Nos últimos anos, a presença do fisioterapeuta perito tem se tornado mais comum nos tribunais brasileiros. A valorização da profissão cresce à medida que juízes, advogados e seguradoras reconhecem o valor científico e técnico da fisioterapia nas análises periciais.
Essa visibilidade abre um novo leque de oportunidades: além das perícias judiciais, o profissional pode atuar como assistente técnico, prestar consultorias para empresas e órgãos públicos, e até desenvolver pesquisas voltadas à ergonomia e prevenção de acidentes ocupacionais.
Credibilidade e autonomia profissional
A atuação pericial também fortalece a credibilidade do fisioterapeuta perante a sociedade. Quando o profissional é reconhecido como especialista capaz de emitir pareceres técnicos confiáveis, ele amplia sua autonomia e consolida sua imagem como autoridade em análise funcional e movimento humano.
Um levantamento da Revista Brasileira de Fisioterapia Forense (2023) destaca que fisioterapeutas com formação em perícia relatam aumento na demanda de trabalho e maior reconhecimento profissional, especialmente em contextos de colaboração interdisciplinar com o Direito e a Medicina Legal.
O caminho da formação e da ética
Para atuar com perícia, o fisioterapeuta precisa estar devidamente inscrito no Conselho Regional (CREFITO) e ter formação complementar na área.
O curso de Perícia Fisioterapêutica, oferecido pela Navis Lumen, proporciona o conhecimento técnico, jurídico e metodológico necessário para exercer essa função com segurança e respaldo científico. Além de aulas teóricas, o curso estimula a prática de elaboração de laudos e simulações reais de casos, preparando o profissional para a atuação no mercado.
Mais do que uma nova especialização, essa é uma oportunidade de ampliar horizontes e contribuir de forma significativa para a justiça e para a valorização da fisioterapia enquanto ciência aplicada.
Conclusão
A perícia fisioterapêutica representa uma fronteira em expansão para o fisioterapeuta moderno — um espaço onde a ciência do movimento se encontra com a responsabilidade social e ética da justiça.
Investir nessa formação é investir em credibilidade, reconhecimento e impacto profissional, fortalecendo o papel da fisioterapia como área essencial na construção de decisões justas e bem fundamentadas.
Referências
CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO).
Resolução nº 401/2011 – Atuação do Fisioterapeuta como Perito Judicial e Assistente Técnico.
https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3167
BRASIL. Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) — artigos sobre perícia e prova pericial (Art. 464 a 480).
Texto oficial:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
Cavalcante Neto JL, et al. A atuação do fisioterapeuta como perito judicial: demandas e competências. Rev Fisioter Pesq, 2017.
https://www.scielo.br/j/fp/a/vmrxBW5t7kTgFgCz3ZNQCKg/
Neto FR, Sousa LM. Fisioterapia forense: novas perspectivas de atuação profissional. Rev Bras Fisioter, 2014.
https://www.scielo.br/j/rbfis/a/hmXd3Hn7b5ZhV5ux4kXmXxC/
ABRAFI — Associação Brasileira de Fisioterapia Forense. Diretrizes e competências do fisioterapeuta perito.
https://abrafi.com.br/
Borges MF, et al. Avaliação funcional como instrumento pericial: confiabilidade e aplicabilidade clínica. J Phys Ther Sci, 2019.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31086442/
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https://www.apta.org/
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29991263/
